Viver é ver (e acampar em) Vitória

No passado, lá pelos anos 70 e 80, o artista múltiplo Marien Calixte, que também era jornalista, cunhou um jargão que ficou na memória dos capixabas: “Viver é ver Vitória”.

Vitória é linda pela própria natureza, com seus recortes litorâneos, seu conjunto de ilhas e suas elevações do maciço central. Ver Vitória traz vida para quem chega de avião ou pelos meios rodoviários, como na descida da Terceira Ponte, vindo de Vila Velha, e agora também quem chega pela parte Oeste, de Cariacica.

Há sete anos, em 2017, a capital ganhou o monumento “Vitória 360 Graus”, que forma o nome da cidade na altura da Curva da Jurema e foi criado pelo designer Zota Coelho em comemoração aos 466 anos da cidade.

O local passou a ser atração turística. Muita gente tirando fotos para guardar de lembrança ou levar para casa. Em palavras atuais, o monumento passou a ser “altamente instagramável”. Mas está perdendo seus encantos por falta de cuidado do poder público.

Agora, ainda mais. Afinal, não são apenas os turistas que descobriram o “Vitória 360 graus”. A população em situação de rua também já o descobriu e fez dele morada, assentando um acampamento bem ao seu lado. E as curvas e sombras da escultura servem bem aos momentos de aperto para que façam suas necessidades fisiológicas.

Uma imagem não condizente com o que Vitória pretende vender de uma das cidades de melhor qualidade de vida do Brasil.