Prefeito vai pedir à Polícia Civil para investigar incêndio criminoso no lixão no Norte

O prefeito Enivaldo dos Anjos (PSB) anunciou que encaminhou à Polícia Civil que apure incêndio criminoso no lixão de Barra de São Francisco e considerou “muito suspeito” que isso tenha ocorrido menos de dois dias depois de o vice-prefeito Gustavo Lacerda (Republicanos) ter ido ao local gravar um vídeo com críticas à administração.

Na gravação, Gustavo acusa a gestão de Enivaldo de Anjos de descaso com o lixão e acentua que o lixo deveria ter sido aterrado em vez de ficar a aberto. Segundo o vice-prefeito, que foi colocado na posição por Enivaldo e se tornou seu opositor após ser retirado da Secretaria Municipal de Saúde com seis meses de mandato sob acusação de estar fazendo uso político da pasta, “lixo sendo queimado a céu aberto é crime ambiental gravíssimo”.

“Ocorre que o lixo não estava sendo queimado. Começou a ser queimado depois que ele passou por lá e não foi a administração que fez isso. Tudo indica que foi um incêndio criminoso, causando dano ao meio-ambiente, e queremos que a Polícia Civil investigue o envolvimento do vice-prefeito com isso. Ele foi para lá fazer política contra a administração e é muito suspeito que logo depois o lixão apareça incendiado”, disse Enivaldo.

No Brasil, a destinação final do lixo é um velho problema. Cerca de 28% dos municípios ainda não dispõem de aterros sanitários adequados. No país, a maior parte do lixo gerado pela população é conduzida para lixões, aterros controlados e aterros sanitários. A partir de julho, os lixões não poderão mais existir, conforme prazo dado pelo Governo Federal.

PROBLEMA ANTIGO

De acordo com Secretaria Municipal de Meio-Ambiente, está sendo dada entrada, junto ao Instituto Estadual do Meio-Ambiente (IEMA), de requerimento da licença ambiental de regularização para a área atualmente utilizada para depositar as 30 toneladas diárias de lixo produzidas em Barra de São Francisco.

“Solicitamos também a revisão do Termo de Ajuste de Conduta (TAC) feito com o Ministério Público anos atrás. A prefeitura tem contrato com a associação de materiais recicláveis para evitar que o material reciclável vá para o lixão. Tem também contrato com a empresa que compacta o lixo e estamos atrás de uma área pra licenciar o aterro, pois ainda estamos no prazo do governo federal, que é a julho desse ano. Caso não prorroguem, não pode mais haver aterro de resíduos sólidos a céu aberto (sem licença)”, disse a secretária Lislei Batista.

Segundo a secretária, toda semana o fumacê passa no local para combater a proliferação de insetos. “Esse lixão tem mais de 30 anos. E o problema estourou nessa gestão devido ao prazo do governo federal. A prefeitura também tem a empresa que recolhe o lixo da saúde e dá a destinação adequada”, acentuou.

DIFERENÇAS

Em linhas gerais, aterros são áreas controladas. Por isso, são diferentes dos lixões, que não possuem nenhum tipo de controle que impeça a contaminação do solo e da atmosfera pelos gases e líquidos liberados pelo processo de decomposição dos resíduos.

Os aterros sanitários são áreas nas quais há a impermeabilização do solo para evitar que o chorume e outras substâncias químicas, como metais pesados, penetrem no solo, contaminando o meio ambiente. Além disso, em aterros sanitários, o lixo é compactado e coberto com uma camada de terra, o que impede que os gases gerados pelo processo de decomposição sejam liberados na atmosfera.

Embora se diferencie do aterro sanitário por não ter o solo impermeabilizado, o aterro controlado é mais vantajoso que um lixão. Isso porque, o lixo é depositado de forma controlada, sendo compactado e recoberto por uma camada de terra, o que reduz o impacto tanto dos efluentes líquidos como também da emissão de gases tóxicos.

Os aterros controlados geralmente são construídos ao lado de lixões como uma forma de amenizar os problemas gerados pelo lixo depositado a céu aberto.