Polícia Ambiental prende servidor furtando areia em estádio de futebol em São Mateus

Vereadores Jozail Bombeiro, Carlos Alberto e Jorginho Cabeção

O servidor municipal Hebert Marcelino Marques, da Prefeitura de São Mateus, foi detido pela Polícia Ambiental e conduzido ao DPJ da cidade no último fim de semana ao ser flagrado utilizando maquinário público para retirar areia da área destinada à construção do estádio de futebol de Guriri.

Segundo testemunhas presentes no local, durante as três primeiras semanas do mês de novembro caminhões e máquinas da prefeitura retiraram areia do terreno e levaram até lotes particulares na região.

Ao mesmo tempo, outros caminhões descarregaram entulho no terreno. “Eles estavam vendendo a areia a R$ 100,00 o caminhão e tudo indica que eles iriam cobrir o local com entulho após terem furtado a areia”, comenta o vereador Jozail Fugulim, o Jozail Bombeiro (PTB), presente no momento do flagrante.

Localizado em uma região de fácil alagamento, o bairro de Guriri obriga aos que vão construir o uso de areia sob as casas e prédios para evitar o comprometimento das estruturas durante o período de chuvas.

O fator que faz a areia ser valiosa para a construção foi o mesmo que levou ao ato condenável por lei, segundo o vereador Jorge Luiz, o Jorginho Cabeção (PTB). “Eles cometeram um crime ambiental e contra o patrimônio público. Este terreno já estava nivelado, murado e à espera de conclusão. Bastava apenas o plantio de grama e a instalação de itens como alambrado e refletores para entregar o estádio à comunidade”, disse o vereador.

Genivaldo de Jesus

Iniciada em 2015, a obra, com recursos estaduais, estava paralisada desde o ano passado e apenas um vigia contratado pela empresa responsável vive no local. Genivaldo de Jesus, de 53 anos, estabeleceu moradia no lugar depois de não receber os salários prometidos pela construtora BL Serviços Limitada há cerca de dois anos.

“Me contrataram para tomar conta do terreno em 2015 e, em 2016, assinaram a minha carteira. Depois de assinarem, eu só recebi dois salários e depois nunca mais recebi nada, nem vale alimentação. Já soube que decretaram falência, mas me abandonaram aqui e vou ficar até me pagarem tudo que devem”, disse o vigia, de posse do processo movido contra a construtora.

Presente durante parte da retirada de areia, Genivaldo afirma que durante todos os dias – inclusive fins de semana – das últimas três semanas caminhões e máquinas retiraram areia do lugar.

“Chegaram aqui dizendo que iriam retomar as obras e colocaram as máquinas para dentro. Eu não fico aqui vigiando durante o dia porque tenho que vender meu picolé na praia”, disse. A extração irregular, sem a devida licença ambiental, foi inicialmente calculada pela polícia ambiental como uma área de 600 m². Em volume, a quantidade de areia retirada do local é visivelmente maior e seu destino ainda deve ser definido pela justiça.

“Mesmo que retornem com a areia para o local, o estrago foi feito. Como vai se compactar isso novamente? Com o entulho deles?”, questionou o vereador Joziel.