ES é o estado com mais mortes acima de 55 anos por alcoolismo, aponta pesquisa

O Espírito Santo é o estado brasileiro onde mais morrem pessoas acima de 55 anos vítimas de doenças decorrentes do alcoolismo. Os dados são de um levantamento feito em 2016 pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), divulgado nesta terça-feira (26).

O estudo apontou que, naquele ano, o consumo de álcool no Espírito Santo foi a causa de 44,2 mortes a cada 100 mil habitantes.

No Brasil, as principais doenças decorrentes do alcoolismo que causaram mais mortes foram as hepáticas (relacionadas ao fígado), com 14,56%, e hipertensão (pressão alta), com 12,45%.

O médico especialista em dependência química João Chequer afirma que o álcool é a pior droga. “Ela é barata, está em qualquer lugar e as pessoas parecem estar erradas por não beber”, diz o médico.

A pesquisa aponta ainda que o alcoolismo está relacionado a fatores de vulnerabilidade como sociais (nível de desenvolvimento que a pessoa está inserida), genético (familiares dependentes químicos) e também individuais (gênero, idade e contexto socioeconômico).

O médico salienta que a questão cultura da normalidade do consumo da bebida alcoólica também pode contribuir para formar esses dados.

“As pessoas bebem porque acham que é normal beber demais. Pelo interior afora, fizemos uma pesquisa em uma escola de Afonso Cláudio, que com cinco anos a criança já experimentou bebida alcoólica com os pais em casa. Lamentavelmente, é cultura de beber”, conta Chequer.

Adolescentes

A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que os adolescentes entre 13 e 15 anos apresentam um alto índice de experimentação da bebida no Espírito Santo. Os dados de 2015 apontam que 51,5% dos jovens nessa faixa etária já experimentaram álcool.

Apesar de alto, o número caiu. Em 2009, esse dado chegou a 70,7%.

O público feminino que experimenta álcool cedo é maior: 51,9% contra 51% do público masculino. Também foram as meninas que tiveram mais episódios de embriaguez nesta idade, com 20,6% contra 19,7% dos meninos.

O médico João Chequer expressou uma preocupação específica para o consumo de álcool na adolescência. Segundo ele, esse é um dos fatores de morte precoce, aos 55 anos.

“O álcool não mata tão rapidamente e nem provoca danos tão imediatos como outras drogas, como o crack. Uma pessoa vai desenvolver o estágio terminal da doença, como uma cirrose hepática, depois de 20 a 30 anos bebendo muito. Essas pessoas começam a beber jovens assim e morrem com essa faixa etária”.

Ele ainda explica que na adolescência, o cérebro está amadurecendo regiões como a psicológica.

“O cérebro está, nessa fase de vida, inundado em hormônio. Quando você mergulha ele em álcool, há uma mudança que mexe com a noção de censura. O corpo produz dopamina e eles se sentem recompensados pelo consumo. Isso altera o amadurecimento e toda a fisiologia da passagem de uma criança para adulta”.

Informações: G1/ES