Com o tema “Somos Todos Atingidos”. Manifesto pede justiça para o Rio Doce em Colatina

Eles espalharam lama pelos corpos, outros de preto dos pés a cabeça carregaram cruzes ao ocupar as ruas em protesto contra os dois anos de invasão da lama da Samarco durante o 3º Manifesto em Favor do Rio em Colatina, noroeste capixaba.

Ao menos mil pessoas participaram da marcha convocada pela Diocese de Colatina, igrejas evangélicas e associações na manhã deste sábado, 04/11/2017, para lembrar o rompimento da barragem de rejeitos em Mariana, na tarde 5 de novembro de 2015.

A ponte Florentino Avidos funcionou em meia pista na travessia dos manifestantes, percorreu o centro da cidade e terminou no Cais da Beira Rio com a leitura do manifesto: “Somos Todos Atingidos”. A falta de soluções para os problemas sócio-ambientais provocados pela lama tóxica virou tema das faixas e cartazes, além da desconfiança da qualidade água encanada que abastece Colatina.

O bispo da Diocese de Colatina Don Joaquim Wladimir garante que a Fundação Renova não tem resposta para os graves problemas da bacia apesar da estrutura gigante criada pelas empresas mineradoras.

“A Renova atua em autodefesa sem providências adequadas aos problemas causados pela tragédia. Uma estrutura inoperante que precisa ser desburocratizada. É preciso tirar essa lama do rio, reflorestar nascentes, além do pagamento de análises independente da água”, disse o bispo.

Já o advogado Ubirajara Douglas Vianna, da comissão ambiental da Sub-Seção da OAB de Colatina, acredita que a Samarco está apenas ganhando tempo. “O que vimos foi o fechamento de um acordo vil com a sociedade de menor poder aquisitivo. Ninguém tem confiança na água fornecida na cidade”, disse.

O prefeito de Colatina Sérgio Meneguelli reage diante da lentidão que a Renova age na região. “A lama no Rio Doce é uma ferida que não foi cicatrizada, sobretudo com o sofrimento da população ribeirinha”, destacou o prefeito Serginho.

O médico Luiz Antônio Murad presidente da Associação Colatinense de Defesa Ecológica (Acode) também pensa que a Samarco deixa a desejar na região. Sugere que preserve um córrego ou rio de cada região como exemplo.

No entender do agrônomo Henrique Lobo será importante a região se preparar a fim de enfrentar a crise da água prevista para durar até 2030. “A previsão da baixa intensidade solar nas próximas décadas vai frear entre 10 a 20% o índice de chuva, além de termos 60 milhões de hectares de área degradada na bacia do Rio Doce”, vaticinou.

A cobrança de punição para os responsáveis pelas 19 pessoas mortas na tragédia foi feita pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

Por: Nilo Tardin