Keanu Martins de Souza tem 18 anos e mora com a família numa casa emprestada em Guarapari. Sua vida nunca foi a de uma criança normal, desde que, com 1 ano de idade, foi diagnosticado com câncer. Como sequela mais visível da doença, Keanu é cadeirante. Sem recursos, usa uma cadeira de rodas comum, o que dificulta seus deslocamentos.
Na próxima terça-feira, 18, a Acacci receberá a visita do executivo de uma grande multinacional que atua no Estado e que presenteou Keanu com uma cadeira motorizada, que já foi encomendada. Isso talvez facilite um pouco mais sua vida, se é que se pode falar de facilidade para um jovem que não pode viver como os demais de sua idade. Mas também poucos de sua idade podem contar a história que ele tem para contar.
O rapaz é uma das milhares de pessoas que foram e são assistidas pela Acacci – Associação Capixaba contra o Câncer Infantil, uma entidade sustentada 94% com recursos de doadores pessoas físicas e que lança sobre essas crianças e suas famílias um olhar diferente e um cuidado para além do que o Estado consegue oferecer.
Keanu enche de orgulho os gestores e demais profissionais que atuam na Acacci. Seu sonho é a Ciência da Computação. No último Enem, ele passou em primeiro lugar para esse curso, mas foi na Universidade de Brasília e, por razões óbvias de falta de recursos materiais e pessoais, teve que adiar o sonho. Mas passou em segundo lugar para Ciências Contábeis, na Ufes, estando no primeiro período do curso.
“Agora vem outro desafio: devido às sequelas do câncer, se aumenta muito a movimentação, ele sente muitas dores. E tem sofrido com isso. A Ufes tem uma boa estrutura de acessibilidade, mas, infelizmente, não tem ensino à distância. Ganhar essa cadeira motorizada vai potencializar a força que o Keanu já tem”, disse a superintendente da Acacci, Luciene Sena.
AUDIÊNCIA
Nesta sexta-feira (14), Luciene esteve, juntamente com o diretor-presidente da Acacci, Francisco Gava, e a consultora para relações institucionais Mirian Dantas em audiência com o deputado Mazinho dos Anjos (PSDB), na Assembleia Legislativa, quando fizeram um relato das necessidades da entidade, que completou 35 anos de existência no dia 15 de março, bem como das demandas para que essas crianças e suas famílias possam ter acesso pleno à cidadania.
Depois de uma longa conversa com representantes da Acacci – Associação Capixaba contra o Câncer Infantil, o deputado estadual Mazinho dos Anjos (PSDB) abraçou a causa da entidade e se comprometeu a mobilizar forças políticas junto aos seus colegas na Assembleia Legislativa para amenizar o sofrimento dessa parte da população. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), pelo menos 150 novos casos de câncer infantil são registrados anualmente no Espírito Santo.
Mazinho ouviu de Gava que é fundamental que se faça uma capacitação de educadores e profissionais de saúde para que aprendam a identificar sinais de câncer infantil para que o diagnóstico seja o mais precoce possível. “Se num adulto um tipo de câncer leva quatro meses para evoluir, numa criança isso acontece às vezes em uma semana. Então, uma criança com câncer tem muita pressa e não pode ficar presa a burocracia, tendo necessidade de ser tratada com prioridade”, disse Francisco Gava.
A maneira mais precoce de identificar o câncer infantil é o “teste do olhinho” nos bebês. Este é um exame que, por mais simples que pareça, ajuda a diagnosticar diferentes problemas oftalmológicos, de catarata a câncer (retinoblastoma).
Ao saber disso, o deputado Mazinho dos Anjos imediatamente se comprometeu a desarquivar um projeto de lei de autoria do ex-deputado Emílio Mameri que prevê a obrigatoriedade da realização do teste no Espírito Santo. Mazinho também fez contato imediato com o deputado Bruno Rezende, que é medico oncologista, e obteve dele a adesão à causa da Acacci, que visa dar assistência às crianças com câncer e seus familiares.
De acordo com a Acacci, o Hospital Infantil Nossa Senhora da Vitória, que é referência no tratamento de câncer infantil, não dá conta de atender a toda a demanda, obtendo de Mazinho o compromisso de lutar para melhorar as condições não apenas desse hospital, mas também do Himaba (Hospital Infantil de Vila Velha) e do Infantil da Serra.
O parlamentar lembrou aos representantes da associação que, quando era presidente do Diretório Central dos Estudantes da FDV, em 2002 e 2003, já estava envolvido com a Acacci. “Naquela época, nós realizávamos o trote solidário às novas turmas de estudantes, arrecadando fundos e doações para a Acacci. É um trabalho essencial e que merece o nosso empenho”, disse Mazinho, que vai também atuar junto à bancadas federal capixaba para que apoie a Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Câncer Infantil na Assembleia Legislativa, na Câmara dos Deputados, a fim de propor políticas e ações para amenizar a dor dos brasileiros que são afetados por essa doença. (Da Redação com assessoria parlamentar)
