Por indicação do deputado estadual Enivaldo dos Anjos (PSD), “como um símbolo do reconhecimento devido a cada profissional do Incaper que se dedicou para apoiar a modernização da agricultura capixaba”, o engenheiro agrônomo Romário Gava Ferrão, mestre e doutor em Melhoramento de Plantas, será homenageado com a Comenda do Mérito Agrícola.
A homenagem será feita em sessão solene comanda pela Comissão de Agricultura da Assembleia Legisltiva, no próximo dia 04 de julho, às 14 horas, no plenário Dirceu Cardoso, quando será comemorado o Dia Nacional do Agricultor juntamente com os 60 anos da Sociedade Espiritossantense de Engenheiros Agrônomos.
De acordo com o parlamentar do Norte do Estado, prestes a se aposentar, o pesquisador Romário Ferrão deixa um legado definitivo para a história do Espírito Santo, entregando à sociedade capixaba a variedade “Marilândia ES8143”, um cultivar clonal de café conilon tolerante à seca.
Na justificativa da indicação, Enivaldo dos Anjos faz um resumo histórico do desenvolvimento da econômica capixaba, salientando que teve três ciclos, passando da agricultura arcaica do Século XVIII à industrialização a partir dos anos 60 até chegar aos nossos dias, onde integram-se à dinâmica econômica capixaba os setores de extração de rochas ornamentais, petróleo e gás.
No agronegócio, a ênfase mais recente foi na fruticultura, com o Espírito Santo ocupando o primeiro lugar na produção e exportação de mamão e sede de uma das maiores fábricas de sucos do mundo.
“Ainda que determinados segmentos tenham se destacado em cada um dos três ciclos econômicos, um item de nossa pauta de produção está presente em todo o tempo de estabelecimento e desenvolvimento da economia do Espírito Santo: o café. Somos o segundo maior produtor e exportador nacional desse produto”, disse Enivaldo.
De acordo com o deputado, foi o café o responsável pelo nascimento da economia capixaba, após quase quatro séculos de “estagnação no nosso precário ciclo da cana-de-açúcar, oferecendo áreas e mão-de-obra para a expansão das lavouras a partir do Estado do Rio de Janeiro, nos idos de 1840, quando as primeiras culturas são introduzidas no Sul do Estado”.
E salienta que, a despeito da concentração econômica industrial e de serviços na região metropolitana e no espaço geográfico litorâneo central do Estado, “é o café o principal gerador de atividade econômica e de ocupação de mão-de-obra no Espírito Santo, representando 400 mil empregos diretos e indiretos, mais que o dobro do que emprega o setor industrial”.
Hoje, o Espírito Santo é o maior produtor de café conilon do Brasil, responsável por entre 75% e 78% da produção nacional. Produz ainda até 20% do café robusta do mundo. Além disso, a cafeicultura está presente em 60 mil das 90 mil propriedades agrícolas do Estado.
O trabalho de pesquisadores como Romário Gava Ferrão, conforme enfatizado por Enivado, contribui para que, “a cada dia, a qualidade dos grãos também melhore. O café arábica, conhecido por seus cafés especiais, conquista o seu espaço e, em 2016, a produção de quatro milhões de sacas foi um recorde capixaba, mesmo diante da crise hídrica vivida no estado”.
Foi a partir da introdução de modernas tecnologias de produção de mudas e de grãos que as lavouras deixaram seus tempos arcaicos para mergulhar em novos tempos, no início dos anos 70, como observa Enivaldo.
“Passada a crise gerada pela erradicação dos cafezais nos anos 60, a cafeicultura volta a se estruturar, com importante atuação do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper-ES)”, enfatiza.
BIOGRAFIA
O pesquisador e homenageado Romário Gava Ferrão nasceu na comunidade do Alto Montevideu, interior do município de Conceição de Castelo, em 1956. Neto e filho de cafeicultores, foi seminarista por quatro anos no colégio Salesiano. Graduou-se em Engenharia Agronômica pela UFES (1980), em Alegre, tornou-se Doutor e Mestre em Genética e Melhoramento de Plantas pela UFV (1983, 2004), em Viçosa-MG, e Especialista em Melhoramento Genético de Milho pelo Centro Internacional de Milho e Trigo – CIMMTY, México (1993).
Pesquisador científico, desde 1984, do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural – Incaper, chefiou o Centro Regional de Pesquisa Norte ES (1998 a 2000). Foi bolsista de produtividade em pesquisa – CNPq (2011 a 2016) e Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora CNPq (2017).
É o coordenador do Programa de Cafeicultura do Espírito Santo desde 2005. Coordenou e participou de equipe de mais de 50 projetos de pesquisa e transferência de tecnologia (Incaper, Consórcio Pesquisa Café, Conab, Fapes, CNPq). Coordenou Programas de Desenvolvimento e Fomento de Café no Espírito Santo: Renovar Café Arábica, Renova Sul Conilon, Campanha de Melhoria da Qualidade do Café.
Também foi coordenador de eventos regional, estadual, nacional e internacional, destacando-se o Congresso Brasileiro de Melhoramento de Plantas (2009) e a Conferência Internacional de Coffea canephora (2012).
Coordenou e colaborou no desenvolvimento, registro e/ou proteção de 4 cultivares de milho, 9 cultivares de café conilon genuinamente capixabas e, a recomendação de 50 cultivares de milho e sorgo e 16 variedades de café arábica. Membro da Câmera de Assessoramento de Ciências Agrárias da FAPES, Conselho Editorial do Incaper, Consultor ‘ad hoc’ de publicações técnico-científica de instituições de pesquisa, apresenta uma produção técnico-científica de mais de 350 trabalhos, entre livros e capítulos livros, artigos científicos, resumos simples e expandidos, circulares e boletins técnicos, documentos, entre outros. Autor do livro ‘Metodologia Científica para Iniciantes em Pesquisa’; (2003, 2005, 2008, 2012), autor e editor técnico do livro ‘Café Conilon’ (2007, 2017). Coordenou inúmeras visitas e missões técnicas nacional e internacional para conhecer as pesquisas de Café e a cafeicultura do Espírito Santo.
É palestrante e conferencista em eventos estadual, nacional e internacional. Recebeu Premiações e homenagens como: Honraria Indiana, The Karnataka Planters Association, Bangalore, Índia (2013), 10º Inoves na Categoria Resultados para a Sociedade (2014); Capixaba do Ano 2015, categoria Tecnologia; Medalha do Mérito do Sistema Confea/Crea e Mútua (2014); Cidadão de Marilândia (2017); Recebeu a Comenda Jerônimo Monteiro (2017). Participou em programas de pesquisa, gestão, desenvolvimento dos cafés arábica e conilon do Espírito Santo, o que proporcionou nesses últimos 25 anos mais que triplicar a produção do Espirito Santo, melhorar significativamente a qualidade e a sustentabilidade da atividade.
