Tragédia do Rio Doce: Enivaldo quer CPI contra Samarco, Vale e BHP

Desde 1986 (quando assumiu um mandato pela primeira vez na Assembleia Legislativa), o deputado Enivaldo dos Anjos (PSD) ataca as grandes poluidoras do Espírito Santo, notadamente a Vale e a antiga CST, hoje Arcellor-Mital. Na ocasião, ele presidiu, na Casa, uma Comissão Parlamentar de Inquérito da poluição na Grande Vitória, já naquela época atacando, frontalmente, a questão do pó preto na região metropolitana.

Com o desastre ecológico provocado pela Samarco em Mariana, em novembro de 2015, o parlamentar aumentou a intensidade de suas críticas e, agora, entrou com um pedido de CPI para investigar a negligência da Samarco e de suas controladoras, Vale e BHP Billiton, na tragédia ambiental que se abateu sobre a bacia hidrográfica do Rio Doce, afetando, diretamente, a vida de 4 milhões de pessoas ao longo de quase 900 quilômetros.

Enivaldo dos Anjos obteve o imediato apoio de dez outros parlamentares, alguns deles membros da CIPE Rio Doce. Sua decisão foi tomada após a realização do seminário em comemoração ao Dia Estadual de Proteção ao Rio Doce, dia 22 de março, quando o procurador da República, Jorge Munhós, demonstrou, com provas, que desde 2009 a Samarco sabia que a represa do Fundão, em Mariana, apresentava sinais de que poderia romper.

A instalação da CPI do Rio Doce teve o apoio dos deputados Sérgio Majeski (PSDB), Dr Hércules (PMDB), Padre Honório (PT), Jamir Malini (PP), Janete de Sá (PMN), Euclério Sampaio (PDT), Eliana Dadalto (PTC), Nunes (PT), Da Vitória (PDT) e Esmael de Almeida (PMDB). Três deles são membros suplentes da CIPE Rio Doce – Padre Honório, Janete de Sá e Da Vitória – dois são titulares – Eliana Dadalto e Enivaldo, proponente.

“Ao contrário do que é publicamente divulgado, a Samarco, a Vale e a BHP nunca cumpriram, de forma efetiva, com suas obrigações em relação às consequências do desastre que provocaram ao negligenciarem seguidos alertas técnicos de que poderia haver rompimento da represa, o que, de fato, veio a ocorrer em 5 de novembro de 2015, deixando um rastro de destruição ao longo de cerca de mil quilômetros, impactando a vida de mais de 4 milhões de pessoas”, disse Enivaldo.

Nas suas justificativas, o parlamentar salienta ser necessário saber a real extensão dos danos causados pelo desastre ecológico, não apenas aqueles, imediatamente, sentidos, mas também aqueles que se manifestarão ao longo dos anos.

“Por exemplo, quais as consequências futuras sobre a saúde física e mental de nossa população? Até que medida a água do Rio Doce é própria para uso humano e dos animais, bem como para utilização na agricultura, sem colocar em risco a saúde de todos? O que será da vida de milhares de pequenos pescadores e produtores ribeirinhos que dependem, essencialmente, do Rio Doce para sobreviverem?”, indagou Enivaldo.

A CPI pedida por Enivaldo dos Anjos é a quarta na fila de espera na Assembleia, que já tem cinco comissões em funcionamento – número máximo, de acordo com o regimento interno. Porém, a primeira da fila é uma pedida pelo deputado Da Vitória, que trata de tema correlato, e Enivaldo poderá anexar seu pedido ao do parlamentar do PDT e juntarem forças para enfrentar o lobismo e a pressão política das mineradoras.