Mais 3 mil testes para detectar a contaminação pelo novo coronavírus foram comprados pela Prefeitura de Presidente Kennedy, no Sul do Estado, para enfrentar a pandemia da Covid-19, que fez a nona vítima esta semana no município: uma pessoa do sexo masculino, que tinha 44 anos e tinha comorbidade, segundo o secretário Jairo Fricks. A vítima era moradora da sede. O índice de letalidade é de 2% dos casos confirmados.
Assim que detectou o primeiro caso, em março, foram comprados 2 mil testes, que começaram a ser usados imediatamente, com prioridade para o pessoal que atual na linha de frente – servidores da saúde, da segurança pública e dos transportes. Com isso, o município acabou por mostrar números absolutos altos, já tendo confirmado o contágio de quase 4% da população de 11.574 pessoas.
O prefeito Dorlei Fontão (PSD), também conhecido como Dorlei da Saúde, responsabiliza os municípios vizinhos de Marataízes e Itapemirim de terem demorado a agir para enfrentar a doença, com isso comprometendo Presidente Kennedy, pois têm território contíguo. “Servidores da saúde nossos trabalham também nos municípios vizinhos, onde o vírus chegou por meio de vendedores de abacaxi”, disse Dorlei.
Mas, se o número absoluto de resultados positivos para o novo coronavírus aumentou 24,2% em uma semana, a estratégia de enfrentamento à pandemia parece estar dando certo, pois aumentou em 41% o número de pessoas curadas no mesmo período. Assim que chegarem os 3 mil testes, a intenção é testar pelo menos 15% da população de 12 comunidades.
OS NÚMEROS
O último boletim da Secretaria de Saúde, divulgado na sexta(dia 10), dá conta de 729 notificações já feitas, entre confirmados, em investigação e negativos; 122 casos estão em investigação, sendo uma pessoa de outro Estado; 446 foram confirmados com o vírus, dos quais nove estão internados em UTI e quatro em enfermarias (38 dessas confirmações são de cidadãos de outros municípios/Estados); 161 foram testados negativos (sendo 17 de outros municípios). Das 38 pessoas confirmadas com o coronavirus oriundas de outras localidades, 36 se curaram e duas morreram.
Do dia 2 ao dia 10 de julho, segundo os boletins oficiais divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde, o número de pessoas testadas positivo subiu de 359 para 446, o que representa 3,84% da população estimada pelo IBGE em 11.574 moradores.
O número de curados em 2 de julho era de 224 pessoas. Mais 92 foram diagnosticadas como curadas em uma semana, totalizando, agora, 316 pessoas, índice de 70,8% de cura, contra 60% da média nacional.
“Implementamos a barreira itinerante, visitando casa por casa e tratando precocemente sempre que possível, mesmo que a prefeitura ainda não esteja com a medicação para distribuir. Creio que quando a medicação chegar, vamos lograr êxito ainda maior. Nossa filosofia é de que não podemos esperar o paciente piorar. Por isso, estamos indo de casa em casa, verificando a temperatura e quaisquer outros sintomas”, explicou o diretor clínico do hospital da cidade, o médico Marcus Sobreira, 69 anos.
Sobreira alerta, entretanto, que ainda é muito cedo para comemorar esse avanço e que não pode haver descuido. “A gente fica feliz pelo número de recuperados, mas estamos longe de vencer o problema. Já fizemos 2 mil testes desde que os casos começaram e a prefeitura comprou mais 3 mil testes, que ainda não chegaram. Queremos testar mais e identificar precocemente o vírus e isolar as pessoas para evitar a propagação. Vamos ver para onde o corona está se deslocando e enfrentá-lo”, disse o médico.
FISCALIZAÇÃO
O diretor clínico do hospital elogiou o empenho do poder público no enfrentamento da pandemia: “O secretário está comandando bem a pasta da saúde, e tem o apoio de outros setores, mobilizados pelo para dar suporte ao enfrentamento do vírus. Associado à busca ativa por quem pode estar contaminado, há um trabalho constante de higienização dos lugares públicos e aumentamos a fiscalização do uso de máscaras e de funcionamento do comércio seguindo a protocolos”.
Sobreira disse que os testes iniciais não são muito confiáveis, podem dar falso negativo, mas que são um auxílio importante do trabalho preventivo. “Apesar de não confiarmos 100% nos testes, estamos procurando dar o atendimento preventivo e a barreira itinerante, pode sim, estar fazendo a diferença. Quanto mais procura, quanto mais testa, mais casos tem, mas isso é fundamental para iniciar o tratamento o mais cedo possível. O que podemos fazer está sendo feito”, disse Sobreira.
Uma vez encontrados sintomas da covid, com teste ou sem teste, o protocolo em Presidente Kennedy é o isolamento social e o acompanhamento diário não apenas da pessoa, mas de quem teve contato com ela.
Preventivamente, Marcus Sobreira recomenda o uso de doses otimizadas de Zinco e Vitamina D, além de ivermectina e, em caso de sintomas, de azitromicina. O município dispõe também da hidroxicloroquina, mas seu uso é decidido pelo médico que acompanha o paciente testado positivo e sintomático.
“Não se sabe ao certo como prevenir o vírus, mas o que se tem observado, na prática, é que pessoas com bons hábitos nutricionais, que se hidratam bem, fazem atividades físicas, estas têm o sistema imune fortalecido. O Zinco e a Vitamina D ajudam nisso e parece que de alguma maneira o organismo fica mais protegido.
E quanto à ivermectina estamos partindo da experiência da OMS no Norte da África para combater a filariose (uma das causas da elefantíase). E nesses países a incidência da Covid-19 é muito baixa. Parece que há um efeito do medicamento contra o vírus e os efeitos colaterais praticamente inexistem”, disse o médico.
ÁFRICA
Numa busca no site da BBC de Londres, os números da Covid-19 no Continente Africano, conforme acompanhamento feito duas vezes por dia pela Universidade Johns Hopkins (Baltimore, EUA), comprovam o que diz o diretor clínico do hospital de Presidente Kennedy, pelo menos em relação a números. A Etiópia, por exemplo, com 110 milhões de habitantes, tem apenas 7.120 casos e 124 mortes. O índice de mortalidade, conforme o gráfico, é de 0,1.
O primeiro caso no Continente foi verificado dia 24 de janeiro de 2020, na África do Sul, que lidera de forma absoluta o continente com mais de 250 mil casos, dos 320 mil de todo os demais países africanos. Outro dado que chama a atenção é o índice de letalidade, que na África do Sul é de 6,7, enquanto nos países mais pobres são baixíssimos; alguns, zero.
Uganda (35 milhões de habitantes – 1006 casos), Eritreia (5 milhões de habitantes – 232 casos) e Seicheles, este com pouco mais de 96 mil habitantes e apenas 100 casos, não têm um único óbito.