Petrocity: complexo portuário e industrial terá autonomia energética

O complexo portuário que está sendo projetado pela Petrocity para o litoral Sul de São Mateus terá autonomia energética não apenas para sua operação, mas também para as indústrias que se instalarem ao seu redor. Foi o que garantiu o empresário Ronaldo Lopes Badin, da Badin Energia S.A., uma das empresas que assinarão contrato com a Petrocity no mês de janeiro em Vitória.

Ronaldo Badin salienta caráter inédito da autonomia energética do complexo

Badin falou que a “Cidade da Energia” constará de três polos, envolvendo usinas termoelétricas, quatro módulos de 50 megawats de energia solar e, ainda, uma chamada unidade de facilidades, “que atuará com geração e co-geração de energia para atender à demanda das indústrias”.

“A disponibilidade energética é um dos maiores gargalos para a instalação de novas indústrias no Espírito Santo e isso estará solucionado pela Cidade da Energia, o que possibilitará aos empreendedores focarem totalmente em sua atividade fim, sem precisar imobilizar capital e nem operar unidades geradoras, que ficarão por nossa conta”, observou.

Duas termelétricas serão construídas no complexo portuário da Petrocity, em São Mateus (Foto: Arquivo)

O conceito de autonomia energética num complexo portuário é inédito no Brasil, segundo Badin. As duas termelétricas a gás servirão para injetar no grid nacional, contribuindo para aumentar a oferta energética no País.

“Isso vai viabilizar o navio regazeificador ficar parado no porto abastecendo as usinas com gás importado. De onde? Vai depender das negociações, mas o que é mais provável hoje é que venha dos Estados Unidos. Vamos aproveitar tudo. Consumir gás, coletar calor e fazer vapor e água quente, bem como água fria, dando uma maior dinâmica e confiabilidade ao nosso polo”, observou.

Na fase de licenciamentos, serão investidos R$ 2,5 milhões, segundo Badin. O total a ser investido, posteriormente, nas estruturas geradoras vai depender das demandas dos futuros clientes.

REFINARIA

Ainda na fase de assinaturas de contratos e de licenciamento ambiental, o futuro complexo portuário de São Mateus agita o meio econômico neste final de ano. O grupo Noxis Energy anunciou o interesse em construir uma refinaria de petróleo e já está desenvolvendo o projeto, conforme noticiado pela jornalista Beatriz Seixas, de A Gazeta.

José Roberto faz as articulações finais para a assinatura de contratos do porto da Petrocity

A presença da Noxis no pool de empresas envolvidas no projeto em torno do complexo portuário foi confirmada nesta sexta-feira (28) pelo presidente da Petrocity, José Roberto Barbosa da Silva, que pilota as articulações em torno do megaprojeto. A unidade de São Mateus é uma das quatro que a Noxis Energy pretende construir no Brasil. As outras três são em Santana (Amapá), Bacabeiras (Maranhão) e Barra dos Coqueiros (Sergipe).

“É uma minirrefinaria com capacidade ampliável de 25 mil barris diários, com foco em produzir diesel, gasolina e óleo bunker, usado como combustível para navios. Cada projeto desses aumenta a dimensão e a importância do complexo portuário da Petrocity, que, por ser totalmente privado, ficará pronto em menos de três anos a partir do início das obras”, disse José Roberto.

Desde julho deste ano a Petrocity entrou com pedido de licenciamento no Instituto Estadual de Meio-Ambiente, mas, devido ao final do governo, o processo não andou. No próximo dia 17, uma solenidade em Vitória marcará a assinatura dos contratos para construção do porto, num investimento global de R$ 3,2 bilhões. A Construtora Odebrechet ficará com a parte principal, implicando em R$ 2,1 bilhões em obras.

“Toda a estrutura da Odebrecht montada no Rio de Janeiro para construção da Vila Olímpica será transferida para São Mateus para a construção do porto. A empresa é uma das maiores especialistas do mundo nesse tipo de obra”, enfatizou José Roberto.

FERROVIA

Junto com o porto, nasce também o projeto da nova ferrovia ligando o litoral capixaba ao interior de minas, a Estrada de Ferro Minas-Espírito Santo, que passará por Mantena e cortará os municípios capixabas de Barra de São Francisco e Nova Venécia até Urussuquara, onde será construído o porto.

(Série de reportagens produzidas pelo jornalista José Caldas da Costa sobre os impactos da construção do porto da Petrocity e da nova ferrovia EFMES na economia do Espírito Santo)