Guarapari corre o risco de reviver instabilidade das eleições de 2012

Dos favoritos, somente Gedson Merízio (PSB) não está sob risco de ter candidatura impugnada

Cidade capixaba mais conhecida não apenas no Brasil, mas no Exterior, Guarapari deixou de ser aquela cidadezinha que superlotava de turistas no verão. Continua superlotando de turistas no verão, mas não é apenas uma cidadezinha, e sim uma cidade cuja população residente ultrapassa os 125 mil habitantes, segundo estimativas do IBGE para 2020, com 96.611 eleitores, de acordo com o Tribunal Regional Eleitoral.

Os problemas políticos que a levaram ao atraso no seu desenvolvimento, porém, continuam os mesmos. A carência na assistência de saúde é uma das principais reclamações da população e não são atacados por políticos que disputam o poder, conquistam seus votos na cidade e depois a abandonam. Guarapari sequer possui um hospital para atender à sua população – 60% dela acima dos 30 anos e 50% acima dos 40 anos.

A cidade faz parte da Região Metropolitana da Grande Vitória, mas não usufrui de qualquer vantagem por isso. Pelo contrário. Se a Rodovia do Sol duplicada facilitou o acesso da população à capital, também facilitou a migração da criminalidade e várias ocorrências demonstram que Guarapari é uma espécie de estância de veraneio para criminosos perigosos do Rio de Janeiro, que moram na cidade e fazem dela a conexão entre bandidos cariocas e capixabas.

CRISE POLÍTICA

Guarapari atrai olhares ambiciosos, por tudo o que representa. E corre o risco, este ano, de mergulhar na mesma crise política de 2012, quando uma liminar garantiu a participação do então prefeito Edson Magalhães no pleito, mesmo com ação de impugnação do Ministério Público Eleitoral sob alegação de que ele estava tentando o terceiro mandato consecutivo. Edson não se importou em gerar instabilidade, fez o que sabe fazer, política populista, e acabou obtendo mais de 50% dos votos.

Sua candidatura, porém, acabou impugnada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que determinou a realização de novo pleito, que elegeu Orly Gomes (DEM). Depois disso, Edson elegeu-se deputado estadual em 2014, a cidade não ganhou nada com isso e, mesmo assim, a população deu a ele um novo mandato de prefeito em 2016 e, agora, ele busca a reeleição. Até aí, a despeito da falta de desenvolvimento do município, está dentro da regra eleitoral.

Ocorre que, agora, Edson (PSDB) está sofrendo um novo processo de impugnação pelo Ministério Público Eleitoral por ter utilizado servidores do município em sua campanha em horário de trabalho. Ou seja, abusa de poder político, comete crime de improbidade administrativa e abusa também de poder econômico, usando recursos públicos em benefício próprio.

Outro candidato, o deputado estadual Carlos Von (Avante), que sempre sonhou em ser prefeito, também está sob investigação por cometer crime eleitoral. Von foi acusado, com provas robustas, pela candidata Fernanda Mazelli (Republicanos) de aliciar candidatos a vereador do partido para o apoiarem em troca de ajuda financeira e garantia de emprego, se ele for eleito, para quem obtiver acima de 300 votos. Fernanda acusa o Republicanos de tê-la convidado a candidatar-se e depois se vender para Carlos Von.

Com esses dois candidatos sob ações de impugnação, resta, dos favoritos em todas as pesquisas de intenção de votos, somente a candidatura de Gedson Merízio (PSB), com apoio do governador Renato Casagrande, não sofre nenhuma ação de impugnação, sendo, portanto, o único nome que se tem certeza de que, se vencer o pleito, vai assumir e exercer o mandato.

Se Edson Magalhães ou Carlos Von se elegerem, Guarapari corre o risco de ter que realizar novas eleições, da mesma forma que ocorreu em 2012, bastando para isso que as ações de impugnação do Ministério Público Eleitoral prosperem. Ou seja, além de baixo desenvolvimento econômico e social, Guarapari ainda corre o risco de atraso administrativo pela necessidade de realizar novas eleições.

Além de Edson (PSDB), Carlos Von (Avante) e Gedson (PSB), a cidade ainda tem outos sete candidatos a prefeito, mas que não estão prosperando nas pesquisas de intenção de voto: Bárbara Hora (PT), Cláudio Paiva (PRTB), Coronel Ferrari (PSD), Fredson (PL), a vereadora Fernanda Mazelli (Republicanos), Maria Helena (PP) e Oziel de Souza (PSC).