Fórum em Baixo Guandu contará com a bióloga Márcia Chame da Fundação Osvaldo Cruz

Autora da hipótese de que a explosão de casos de febre amarela na região de influência do rio Doce possa ter ligação com o desastre ambiental causado pelo rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG), a bióloga Márcia Chame (foto), da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), será a palestrante central do 1º Fórum Legislativo Interestadual de Desenvolvimento Sustentável, que será realizado no dia 10 de agosto, das 8 às 17 horas, no Teatro Dom Bosco, em Baixo Guandu.

A vinda de Márcia Chame para o evento está sendo promovida pela Assembleia Legislativa do Espírito Santo, parceira das Câmaras de Baixo Guandu (ES) e Resplendor (MG), na realização do fórum. “Este é mais um esforço da Assembleia para contribuir com o debate sobre a recuperação da bacia do rio Doce, depois desse crime ambiental”, disse o deputado Enivaldo dos Anjos (PSD).

A articulação para a vinda da bióloga foi feita pela Coordenação Especial de Relações Institucionais (CERI) da Ales, através da coordenação administrativa da CIPE Rio Doce. A CERI está vinculada à Mesa Diretora, através da 2ª Secretaria, ocupada por Enivaldo dos Anjos. AUTORIDADE Márcia Chame, talvez a maior autoridade brasileira em biodiversidade, vai falar no Fórum, às 11 horas do dia 10 de agosto, sobre “Monitoramento de animais na Bacia Hidrográfica do Rio Doce”.

Ela virá ao Estado exclusivamente para este fim. Quando ocorreu a tragédia de Mariana, em 2015, a bióloga começou a acompanhar o caso e disse que o aumento de casos suspeitos de febre amarela na região pode estar relacionado com o desastre ecológico.

De acordo com informações veiculadas pelo jornal O Estado de São Paulo, a hipótese teve como ponto de partida a localização das cidades mineiras que identificaram casos de pacientes com sintomas da doença. Grande parte está na região próxima do Rio Doce, afetado pelo rompimento da Barragem de Fundão, em novembro de 2015.

“Mudanças bruscas no ambiente provocam impacto na saúde dos animais, incluindo macacos. Com o estresse de desastres, com a falta de alimentos, eles se tornam mais suscetíveis a doenças, incluindo a febre amarela”, afirmou ao Estadão a bióloga, que também coordena a Plataforma Institucional de Biodiversidade e Saúde Silvestre na Fiocruz.

“Isso pode ser um dos motivos que contribuíram para os casos. Não o único”, completa. Márcia observa que essa região dos dois Estados já apresentava um impacto ambiental importante, provocado pela mineração. “É um conjunto de coisas que vão se acumulando”, disse.

Além dos casos em Minas, foram notificadas também mortes de macacos na região próxima da cidade capixaba de Colatina, também afetada pelos reflexos do acidente de Mariana. Marcia Chame possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Santa Úrsula – USU, no Rio de Janeiro, mestrado e doutorado em Ciências Biológicas, área zoologia, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ.

Atualmente é pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz e também atua como pesquisadora colaboradora da Fundação Museu do Homem Americano. A bióloga é, ainda, membro titular representante do Ministério da Saúde no Conselho Nacional da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, e coordenadora do Programa Biodiversidade & Saúde da Fiocruz.