Ferrovia ligada ao Petrocity levará a porto seco em Barra de São Francisco

Uma revolução vai acontecer na economia e na vida na região Noroeste do Estado com a construção da ferrovia ligando Sete Lagoas (MG) ao novo porto projetado pela Petrocity em Urussuquara, ao sul do litoral de São Mateus. Esta é a avaliação do secretário-executivo da Associação Noroeste de Pedras Ornamentais (ANPO), Mário Imbroisi, um dos mais otimistas com os reflexos do novo projeto.

E, dentre essas mudanças revolucionárias, Imbroisi prevê a instalação de um porto seco em Barra de São Francisco, que vai sediar a Unidade de Transbordo e Armazenamento de Cargas no território capixaba da futura Estrada de Ferro Minas-Espírito Santo, que terá trilhos de bitola larga nos dois sentidos e será construída, totalmente, com recursos privados de empresas parceiras do projeto.

O Porto Seco, baseado em José Edson Lara, doutor em Economia de Empresas pela Universidade Autônoma de Barcelona,  e Antonia Dolores Bélico Soares, mestre em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais, define-se como áreas alfandegadas que levam procedimentos aduaneiros para o interior do Brasil porque os tradicionais Portos, que até recentemente eram os únicos a realizar os procedimentos referentes a alfândega , estão saturados.

Mário Imbroisi, secretário executivo da ANPO: porto seco é um antigo sonho do setor de rochas

Essa saturação, que gera complicações na área de logística como a elevação dos custos de transportes devido aos congestionamentos na região desses portos, além da falta de infraestrutura  das rodovias e ferrovias que cortam o interior do país, é apontada por Imbroisi como um dos mais fortes fatores para aumento do chamado “custo Brasil”, que torna pouco competitivos no mercado internacional, alguns setores, como o de rochas ornamentais.

MAIS CIDADES

Na verdade, cada cidade onde está prevista a instalação de UTACs ao longo da Ferrovia (além de Barra de São Francisco, também Governador Valadares, Santa Maria de Itabira e Sete Lagoas) poderá ser beneficiada por esses portos secos, que desembaraçam cargas com destino ao interior do País e também rumo ao mercado internacional. A ferrovia passará também pelo terminal de cargas do Aeroporto Internacional de Confins, na região de Belo Horizonte, onde receberá cargas de alto valor agregado.

Em Minas Gerais já existem cinco postos secos em operação em Juiz de Fora, Uberaba, Varginha, Uberlândia e Betim. “O porto seco em Barra de São Francisco, alfandegado, é um antigo sonho do setor de rochas ornamentais para agilizar nossas exportações. Isso atrai uma nova infraestrutura, com armazém, unidade da alfândega da Receita Federal e gera muita receita para possibilitar novos investimentos públicos. É um impulso regional extraordinário”, diz Imbroisi.

De acordo com o secretário-executivo da ANPO, “dá até para animar com o anúncio desses dois investimentos”, o porto e a ferrovia, que cortará os municípios de Nova Venécia e Barra de São Francisco, entrando em Minas Gerais por Mantena e seguindo em direção a Governador Valadares e, daí, passando pela zona de mineração de ferro até a região metropolitana da capital mineira

O impacto direto de um porto seco incidirá sobre a economia de 12 municípios que formam a região polo de Barra de São Francisco, segundo Mário Imbroisi, podendo levar ao desenvolvimento de outras indústrias e fomentando o comércio exterior de produtos como café, poupa de frutas e proteína bovina.

(Série de reportagens diárias produzidas pelo jornalista José Caldas da Costa sobre os impactos dos projetos do porto da Petrocity e da nova ferrovia EFMES)