Famílias do Rive, em Alegre, amargam prejuízos e buscam recomeço

Moradores do distrito de Rive, em Alegre, estão contando os prejuízos causados pela chuva do último final de semana na região sul do Espírito Santo. Para algumas famílias, a falta de um lugar para morar já faz parte da realidade. Diante de um cenário de destruição, moradores buscam esperança de dias melhores.

Élcio dos Santos, de 81 anos, e a esposa, também idosa, só conseguiram sair de casa com ajuda do Núcleo de Operações e Transportes Aéreo (Notaer). Ele, familiares e vizinhos mais próximos, tiveram que deixar a casa no meio da madrugada, quando perceberam que a água invadiu a residência e já estava batendo no cobertor que ele e a esposa utilizavam para dormir.

A casa do seu Élcio teve perda total. Segundo ele, as paredes laterais caíram e não é possível retornar para o local. Questionado sobre o que vai fazer, aos 81 anos, ele disse que “s´o Deus sabe”.

A neta de seu Élcio, Beatriz, disse que o desespero maior aconteceu quando a informação do possível rompimento da barragem Francisco Gross foi confirmada pelo Corpo de Bombeiros. “As pessoas não sabem o pânico que é, quando você recebe a notícia de que uma represa vai estourar a qualquer momento”. Ao ver os avós sendo resgatados pelo helicóptero, ela disse que sentiu um misto de alívio e revolta.

“A gente ficou preocupado, porque minha avó é cardíaca, tem marca-passo e meu avô também não é muito bom de saúde […] então quando eles disponibilizaram esse transporte aéreo, foi revoltante, porque não haveria essa necessidade, se não houvesse a ação humana, mas também foi reconfortante, porque eles foram rápidos”.

“Desespero, pânico, gritos, foi o que eu mais vi aqui na rua”

A dona Maria Valim, de 65 anos, mora na rua principal do distrito. Ela teve a casa tomada pela água até o teto.

Questionada sobre as perdas que teve em casa, dona Maria foi enfática. “Perdi tudo, tudo, tudo. Cama box, jogo de sofá, a minha geladeira eles pegaram na rua, que estava descendo com a chuva. […] Neste momento, está todo mundo desorientado, porque todo mundo perdeu tudo. Eu tenho 65 anos e nunca vi isso por aqui”

A dona Maria mora na casa com o marido, uma filha e três netos. No momento da enchente, ela, o marido e um neto estavam no local. “Não dava pra sair com o carro, porque a rua estava muito cheia de água. Então nós saímos a pé, até que uma vizinha nos pegou na estrada”, relatou.

A neta de seu Élcio, Beatriz, disse que o desespero maior aconteceu quando a informação do possível rompimento da barragem Francisco Gross foi confirmada pelo Corpo de Bombeiros. “As pessoas não sabem o pânico que é, quando você recebe a notícia de que uma represa vai estourar a qualquer momento”.

“Como se o mundo tivesse acabado”

Aos prantos, a dona Maria José Vasconcelos, que precisou ir para um abrigo da prefeitura, conta como foi o momento que precisou sair de casa. “Nós saímos gritando para os pastos. Ficamos ilhados. Um gritando para um lado, o outro gritando para o outro, como se o mundo tivesse acabado […] e a água só carregando coisa, geladeira, foi tudo embora”, relatou.

“Não deu pra gente pensar muito porque a água foi chegando e tomou conta de tudo. Nós perdemos tudo, não temos nada. Nem pente pra pentear cabelo eu tenho mais, acabou tudo”.  Dona Maria José tem um marido com depressão. Ela relatou que eles passam dificuldades financeiras em casa e a enchente só agravou a situação. Vivendo no abrigo da prefeitura, ela disse que não é possível voltar para casa.

Risco de rompimento de barragem

A Prefeitura de Alegre anunciou em comunicado urgente por meio de uma rede social, no último sábado (25),  que a Barragem Francisco Gross, conhecida como Barragem de São João, pode romper. A mensagem, com origem na empresa Statkraft, responsável pela barragem, alerta os riscos e avisa para a evacuação total de Rive, Placa e proximidades.

A empresa Starkraft mantém o alerta para os moradores da região nesta segunda-feira (27).

Fonte: folhavitoria