Espírito Santo em alerta com a nova variante da Índia

Apesar de geograficamente distante, o caos sanitário em que vive a Índia pode afetar o combate à pandemia de coronavírus no Espirito Santo. O secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, apontou que já há uma preocupação por parte dos demais secretários estaduais no Brasil de que haja maior controle de fronteiras aéreas e marítimas por parte do Governo Federal.

A intenção é barrar possível novas cepas do vírus que já estão em circulação no país asiático.

“Dentro do Conselho Nacional de Secretários da Saúde, temos debatido o assunto e teremos uma posição para apresentar ao Governo Federal no que diz respeito a medidas necessárias que incluem o controle da malha aérea e no controle da vigilância sanitária de portos e aeroportos no Brasil”.

Para o secretário, a União ainda não mostrou a que veio após um ano de pandemia. Ele cobra maior controle do fluxo de pessoas, tanto em rotas aéreas quanto em marítimas.

“Não é possível um país seguir com mais um ano de pandemia sem que essas boas práticas de vigilância não sejam adotadas pela União que é a responsável pela vigilância nesses locais”, critica.

O Espírito Santo concentra cerca de 25% do comércio marítimo feito em todo o Brasil com um complexo portuário, um dos maiores da América Latina, que inclui seis unidades em operação com os portos de Vitória, Tubarão, Praia Mole (todos na capital), Ubu (Anchieta), Barra do Riacho (Aracruz) e Norte Capixaba (São Mateus).

Situação indiana

Nesta segunda-feira (03), a Índia ultrapassou o México e se tornou o terceiro país com mais mortes por covid-19 do mundo, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins e do painel “Our World in Data”, projeto ligado à Universidade de Oxford.

O país mais afetado pela pandemia atualmente registrou mais 3,4 mil mortes e 368 mil casos, elevando o total de vítimas para quase 219 mil e o de infectados para 19,9 milhões. Além de passar por um colapso no sistema de saúde, no sábado (1º), se tornou o primeiro a registrar mais de 400 mil novos casos em um único dia.

Com mais de 1,3 bilhão de habitantes, o segundo país mais populoso do mundo é também o segundo em número de casos confirmados, atrás apenas dos Estados Unidos (32,4 milhões) e à frente do Brasil (14,7 milhões).

Menos ofertas de vacinas e remédios

O secretário também destacou que a situação da Índia, além da calamidade entre os habitantes, pode prejudicar a oferta de vacinas, insumos e remédios em terras brasileiras. Em janeiro, a Índia enviou 2 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 ao Brasil. No mês seguinte, a quantidade exportada dobrou.

Porém, com a situação vivida pelos indianos, é possível que a entrega de novas doses, enviadas pelo Instituto Serum, maior produtor de imunizantes do mundo e fornecedora da vacina AstraZeneca para o Brasil, possa ser comprometida. Em março, o Ministério da Saúde admitiu que a remessa de 8 milhões de doses não estaria mais em seu calendário.

Com o agravamento da pandemia por lá, o foco será o próprio mercado interno que quer ampliar a velocidade da vacinação. Nésio Fernandes acredita que o cenário indiano poderá ser mais crítico que o da crise brasileira e isso pode afetar o fornecimento de insumos, comprometendo o calendário de vacinação no Estado.

Informações: Folha Vitória