Líder do Governo socialista capixaba na Assembleia Legislativa, o deputado estadual Enivaldo dos Anjos (PSD) fez um discurso contundente na sessão da última quarta-feira (26/06/2019) em defesa do ministro Sérgio Moro, da Justiça, vítima de ataques do site The Intercept, e disse que Moro é digno de todas as homenagens dos brasileiros por ter “colocado na cadeia, pela primeira vez na história da República, pessoas poderosas que roubaram dinheiro público”.
Em seu discurso, Enivaldo ainda fez menção a outro caso da história recente, numa comparação com o massacre promovido contra Moro. “No STF todo mundo sabe que criminosos conversam com juiz e nunca vi ninguém transcrever esse diálogo.
A voz do ministro Gilmar Mendes e do Aécio Neves todo mundo conhece, vazou a gravação deles e ninguém tomou providência. O que foi feito foi lobby no Congresso para não abrir CPI sobre essa questão”.
Quanto à suposta conversa do juiz Sérgio Moro com os procuradores da Operação Lava Jato, Enivaldo dos Anjos foi duro e alertou: “Nós somos um País tão diferente que há algumas semanas o juiz Sérgio Moro era a autoridade de maior prestígio do Brasil. Basta aparecer um sujeito irresponsável (Glenn Greenwald), que registra um site irresponsável (The Intercept) e diz ter um monte de conversas, que ninguém sabe se são reais, não tem registro em nenhum poder público, e está conseguindo abalar uma decisão judicial que foi fruto de recursos em três instâncias”.
SEGURANÇA
De acordo com Enivaldo, hoje no Brasil quem condena é a imprensa e as redes sociais, e não a Justiça: “Que país é esse que basta você lançar uma dúvida sobre uma autoridade que ela passa a virar motivo de insegurança no País? Estou acompanhando para ver qual vai ser a punição do STF. A não ser que o STF ache que deve tomar uma decisão baseada apenas no interesse político desse fato e não garantir o direito de as autoridades trabalhararem. Por isso é necessário que cargo de juiz e promotor seja vitalício, para não ser vítima dessa armação”.
E voltou a enfatizar: “Como um processo transita em três instâncias e agora aparece um site de uma pessoa de credibilidade duvidosa que começa a dizer que tem um arquivo, que não mostra, e que abala os pilares da República brasileira?! Não se pode destruir uma atividade judicial por causa da audácia e da vontade de aparecer publicamente. A mensagem que mostraram não comprova que foi o dono do telefone que digitou. Todo mundo sabe que o telefone estava grampeado e qualquer pessoa poderia ter digitado em nome do titular”.
Enivaldo dos Anjos disse que a única comprovação razoável, que mesmo assim ainda não vale como prova de justiça, é de voz. “Se ele (The Intercept) exibisse gravação de voz, como foi da ligação de Gilmar Mendes com Aécio Neves, que todo mundo conhece a voz, ainda poderia ter credibilidade pública, mas texto não. Se o aplicativo de mensagens foi raqueado, o raquer pode ter colocado palavras no texto trocado supostamente entre o juiz e o promotor.
O Brasil está como o marido traído que joga o sofá pela janela para combater o adultério da mulher”. Serventuário da Justiça, onde atuou por muitos anos como escrivão da área criminal, Enivaldo diz que sua experiência comprova que crimes de colarinho branco só se apuram se as autoridades se juntarem. Fui escrivão de justiça e sei que, quando se quer apurar crime continuado, é comum a troca de informações entre polícia, juiz, promotor para saber se a linha de atuação está correta. Eles fazem parte de um mesmo sistema de apuração e não podem ficar reféns dos bandidos”.
“De minha parte, o ministro Sérgio Moro tem todo o apoio, porque, mesmo que tenha dialogado com o Ministério Público, ele o fez para ajudar o Brasil, prender vagabundo e prendeu vários. Foi a única vez na história da República que donos de empresa do porte da Odebrecht pegaram cadeia.
Moro foi o único juiz do Brasil a colocar rico no corredor dos presídios, porque a Justiça do Brasil só prende pobre e tem muitos delegados que só fazem isso: prender pobre, pessoas com deficiência, mas não vão nos bairros ricos prender os ricos que roubam, cheiram e vendem cocaína e não são incomodados nos bairros de elite”, atacou Enivaldo.
SENADOR BANDIDO
Sobre a declaração de Glenn Greenwald de que Sérgio Moro comandava a Lava Jato, o deputado capixaba disse que “isso não é novidade nenhuma”. “O Moro deve ser carregado por essa nação nos ombros, porque foi a única autoridade do Brasil que desmantelou quadrilhas de milionários. Ele demonstrou ser uma pessoa simples, controlada, equilibrada, que não vive, como muitos políticos, se exaltando na mídia. Sempre que é abordado distribui o mérito a várias mãos”, disse.
Enivaldo também lembrou a disposição de Moro, como ministro da Justiça, ir ao Senado ser interpelado: “Foram nove horas no Senado, que tem em sua composição mais de 70% de suspeitos de crimes. Somente no Brasi é que se vê um bandido da estirpe de Renan Calheiros (senador) querer questionar um ministro que lavou a alma brasileira e da Justiça, porque, se ainda há justiça no Brasil, ela é 99% representada por Moro”.
E, para finalizar, Enivaldo relembrou o caso do juiz Alexandre Martins, “que estava querendo combater o crime organizado e foi vítima dele, mas há 10 anos o processo dele está parado e não tem desfecho”. “Esse país é comandado pela máfia e pelo crime. Eu não votei no Presidente Bolsonaro, mas a coragem dele de atingir esses conluios no Brasil eu aprovo, porque esse país precisa acabar com a corrupção que está entranhada em toda a sociedade. Precisamos mudar esse país com pessoas de atitudes dignas e honradas como a do ministro Sérgio Moro”, disse o deputado.
Enivaldo dos Anjos foi aparteado por dois colegas de plenário. O deputado Hércules da Silveira (MDB) o parabenizou pela fala e acrescentou que “os que são contra a Lava Jato deveriam estar junto com quem está preso. Se Moro cair, não vai ser bom para a democracia, porque teremos um movimento inédito nesse País. A população está com Moro”.
Já o deputado Freitas (PSB) disse que “o deputado Enivaldo dos Anjos tem independência para abordar temas que precisam ser abordados no parlamento e tem credibilidade para isso” e lembrou: “A ordem precisa vir de quem precisa dar exemplo. A Suprema Corte esta semana fez uma manobra que coloca em risco sua credibilidade, a ponto de um ministro mudar o voto porque percebeu que o mal que planejavam para o Brasil não acabaria bem.
O Brasil precisa ter coragem de apoiar quem quer ordem e progresso e a nossa imprensa não pode flertar com a inversão de valores no Brasil”.
