Como está aqui?

Pedro Valls Feu Rosa é cronista e desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo

Há não muito tempo, lendo o conceituado jornal “The Sunday Times”, deparei-me com uma significativa matéria. Eis o seu título: “Revelado: como a China está comprando o Reino Unido”.

Lia-se, em seguida, que “Investidores chineses adquiriram um conjunto de empresas, infraestrutura, propriedades e outrosbens no Reino Unido avaliados em quase £ 135 bilhões, praticamente o dobro do que se suspeitava, segundo revelou uma investigação”.

Alertou-se, então, para o fato de que “esta incisiva e pouco noticiada onda de aquisições inclui pelo menos £ 44 bilhões efetuadas por parte de entidades estatais”.

Registrou-se que “participações em concessionárias de infraestrutura incluem a Thames Water, a UK Power Networks e o aeroporto de Heathrow”. E: “Empresas chinesas ou investidores chineses adquiriram ações na Bolsa de Valores do Reino Unido no valor de £ 57 bilhões”. Compraram, também, “cerca de £ 10 bilhões em imóveis e pelo menos 17 escolas privadas”.

Segue um aviso: “Não foi possível verificar os valores de dezenas de investimentos e assim o verdadeiro valor dos bens chineses no Reino Unido é provavelmente muito maior que os £ 135 bilhões encontrados”.

Diante deste quadro Iain Duncan Smith, ex-líder do Partido Conservador, declarou estar “demonstrado que sucessivos governos adormeceram em suas vigílias”. E que isto mostra “o quão perigosamente estamos indo ao encontro do controle chinês sobre aspectos fundamentais de nossa economia”.

O entrevistado seguinte foi George Magnus, pesquisador do Centro para a China da Universidade de Oxford. Perguntado sobre o que pensava acerca dos governantes que permitiram chegar-se a este estado de coisas, declarou que “parecem ter sido ingênuos”.

Encerra a matéria o seguinte parágrafo: “Regras estritas sobre aquisições por estrangeiros acabam de receber a aprovação real, porém, segundo o instituto de política externa “Henry Jackson Society”, as mudanças foram equivalentes a fechar-se a porta do estábulo após a fuga do cavalo”.

Esta a situação no Reino Unido. E no Brasil? Que tal informar-se aos brasileiros permanentemente, via internet, sobre a participação de estrangeiros em nossa economia? Sobre as remessas de lucros? Sobre as áreas adquiridas pelo país afora? Eis aí uma medida não de xenofobia, mas de necessária transparência.