Associação ligada a prefeito é acusada de extorquir vendedores de São Mateus

Esse aí do lado do prefeito é o Paulo

Com a chegada do verão, começam a circular denúncias de que a Associação de Barraqueiros e Vendedores Ambulantes Mateenses (Abavam), responsável por organizar a classe dos comerciantes informais nas praias da cidade, estaria na verdade extorquindo seus associados.

De acordo com uma entrevista feita por um jornalista local a uma vendedora de bebidas, Paulo César Oliveira Gama, presidente da associação seria conhecido por determinar de autônoma que somente associados poderiam comercializar bebidas e outros itens nas areias de São Mateus.

Na entrevista que circula nas redes sociais, a vendedora que não quis se identificar expõe exigências feitas a ela para que pudesse trabalhar.

“É a primeira vez que vou vender na praia e me disseram que se não fosse filiado a Abavam recolhia suas coisas e só devolveria depois do carnaval. Eu fui à reunião, mas não me mostraram o estatuto da organização. Só me exigiram o pagamento da taxa de filiação”, disse a vendedora indignada.

Entretanto, taxa de R$ 120 cobrada para se filiar, não foi suficiente para que a vendedora pudesse exercer seu trabalho. Ainda em sua entrevista, a vendedora diz ter sido forçada a comprar uma caixa térmica específica para obedecer os padrões da associação.

O item, avaliado no mercado em cerca de R$ 300, custou à vendedora mais que o dobro: R$ 700. “É um absurdo porque já vi gente vendendo na praia sem essa caixa e parece que a associação não está nem aí. Eles não nos trazem nenhum benefício e ainda ameaçam com esse tipo de coisa”, reclamou a vendedora na entrevista.

PREFEITO

Questionada se já teria feito reclamações formais à prefeitura, a vendedora revelou que é de amplo conhecimento entre os vendedores que Paulo César atua sob o conhecimento e a anuência do prefeito da cidade.

“Todos os vendedores sabem que o prefeito apoia e é apoiado pelo Paulo. Não temos onde reclamar. Essa é uma associação para o crime e não para o apoio dos vendedores”, desabafou a vendedora.

De fato, o apoio de Paulo ao prefeito da cidade é conhecido desde o período de campanha, que resultou no processo de cassação do eleito. Apesar disso, a Constituição determina que a fiscalização de praias e vendedores ambulantes é de exclusividade do poder público, não cabendo à Abravam permitir ou impedir o trabalho de vendedores associados ou não a ela.