“ES vive a maior fase de expansão da pandemia”, diz secretário ao anunciar nova estratégia de ampliação de leitos

O Espírito Santo vive atualmente a maior fase de expansão da pandemia pela Covid-19. A análise foi apresentada pelo secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes durante uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira (30). Diante do cenário, ele divulgou uma decisão do Governo do Estado de colocar em prática uma nova estratégia de expansão de leitos e de ampliação da testagem.

Durante o pronunciamento, Nésio explicou que há uma aceleração da curva de casos de coronavírus com repercussão em internações hospitalares e em número de óbitos.

“Após vivermos um período de estabilidade onde tanto o número de óbitos quanto internações teve queda sustentada, nosso estado volta a viver fase de aceleração com novas características. Temos, neste momento, uma proporção de casos muito maior que o número observado na primeira onda em comparação ao número de pacientes internados nos hospitais e ao número de óbitos”, disse.

O secretário ainda informou que, nesta fase, há também um aumento significativo da quantidade de dias que os pacientes passam internados em hospitais, o que gera a necessidade de ampliar as vagas para que ninguém fique sem atendimento.

“Isso deixa claro que toda oferta de leitos/dia apresentados no sistema de saúde precisa ser redimensionada para atender a pressão assistencial de uma segunda expansão da doença no estado. Com o aumento do tempo médio de permanência e com o aumento do número de pacientes internados, a mesma quantidade de leitos que foram disponibilizados na primeira expansão da doença não comportaria todas as novas assistências caso ela ocorra nas mesmas proporções da primeira onda”, disse.

Com isso, o Estado planeja lançar mão de uma nova estratégia de ampliação de leitos dividida em quatro fases.

“Ela terá características diferentes da primeira curva, porque não temos a mesma quantidade de leitos disponíveis na rede privada como no primeiro momento, nem tampouco temos possibilidade de reduzir a oferta para pacientes atingidos por outras doenças como fizemos na primeira fase”.

A nova estratégia, de acordo com o secretário, inclui obras, construções e readaptações nos hospitais públicos. Além disso, a expansão poderá ser motivada por “gatilhos”. Nesse caso, diante do aumento da demanda em determinadas regiões, o governo pode considerar cancelar as cirurgias eletivas ou adquirir leitos na rede filantrópica.

“A Sesa vem monitorando praticamente em tempo real e vai aumentando o número de leitos na medida da necessidade. Temos toda a condição preparada. O leito está lá, o equipamento está lá, a equipe está a postos. É fazer a reversão desse leito. É isso que ocorrerá se for necessário”, disse o subsecretário de Vigilância em Saúde, Luiz Carlos Reblin.

“O governo se prepara para que, mesmo diante de um cenário pior, a gente consiga suportar o comportamento da doença”, reforçou Nésio.

Entretanto, o secretário não descarta que o Espírito Santo enfrente outros cenários, como a possível estabilização da doença em algumas regiões.

“Entendemos que vários cenários são possíveis, inclusive a possibilidade de estabilização na Grande Vitória do número de óbitos nas próximas semanas e que podemos ter, também nas próximas semanas, um aumento do número de casos no interior, formando um comportamento final de óbitos e casos com um novo platô, uma nova estabilização”.

Ampliação de testagem

Reblin ressaltou a importância da testagem para que as autoridades tenham dados que demonstrem melhor o real comportamento da doença. Com novos critérios de testagem, é possível reconhecer mais casos e, com isso, ter uma taxa de letalidade mais “fiel”.

De acordo com Nésio, o estado desenha cinco estratégias simultâneas de testagem:

  • ampliar a capacidade de testagem para 3 mil testes/dia no Lacen
  • credenciar exames de RT-PCR da rede privada

“Ao longo dessa semana, iremos publicar a tabela sus capixaba definindo valor de pagamento para a coleta e o exame para Covid-19, credenciando laboratórios da rede privada que queiram vender o exame a preço fixo”, disse o secretário.

  • criar uma grande central de triagem de amostras para poder enviar à fiocruz um conjunto de exames quando ultrapassarem a capacidade de testagem do Lacen e da rede privada credenciada

abertura da compra do testes rápidos de antígeno

“Diferente de teste rápido sorológico, são capazes de detectar a doença na fase aguda a partir do 3º dia do início do sintomas. No entanto, ele não descarta a doença, ele é um teste adequado para triagem de serviço de saúde. Iremos adquirir 100 mil testes de antígeno que serão distribuídos nas Upas, nos PAs e nos hospitais para que pacientes que apresentem sintomas graves sejam testados”, explicou Nésio.

  • recebimento de 100 mil testes sorológicos doados pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) para realização de inquéritos sorológicos

‘Não há pressão assistencial grande’

O secretário de saúde afirmou que, apesar do aumento do número de casos, a expansão de leitos planejada pelo governo desde o início da pandemia tem conseguido absorver a demanda.

“Nesse momento, tanto a pressão das outras doenças como a da Covid-19 não apresentam um momento crítico como o que ocorreu na primeira onda da pandemia do Espírito Santo. Estamos conseguindo administrar a pressão que existe. Até o final deste ano, vamos passar de 1,1 mil leitos de UTI e enfermaria disponíveis para atender pacientes com Covid-19 sem comprometer a oferta de leitos para as outras condições de saúde”, disse.

Nésio exemplificou a situação dizendo que neste último final de semana, havia “somente” 39 pacientes aguardando leitos na Grande Vitória. Um número, segundo ele, muito baixo se considerado que, normalmente, a média é de 100 pacientes esperando internação diariamente na região.

Informações: G1