Enivaldo dos Anjos emociona ao falar de vítimas da COVID: “Situação mais dramática dos meus 70 anos”

Deputado Cobrou postura mais responsável de população e autoridades

Deputado Enivaldo dos Anjos

Em uma fala emocionada, durante a sessão virtual ordinária da Assembleia Legislativa, na tarde desta segunda-feira (25), o deputado estadual Enivaldo dos Anjos comoveu colegas e espectadores ao falar do momento em que se passa de enfrentamento ao Corona Vírus e se solidarizar com as vítimas acometidas pela doença.

“Queria ser solidário a todos que já partiram, que estão mergulhados na agonia, na tristeza, na falta de contato com os parentes, mergulhados nessa situação tão dramática que estamos vivendo, a situação mais dramática dos meus 70 anos. Que importância tem um abraço agora!”, declarou o parlamentar antes de completar com voz embargada: “que saudade de viver o que vivi e que não sei se vou viver um dia novamente”.

Isolado socialmente desde o dia 16 de março, quando deixou a sessão em plenário e sugeriu a suspensão dos trabalhos por risco de contágio pela Covid-19, o deputado refletiu sobre os possíveis motivos que teriam conduzido a humanidade até o momento atual e falou do papel das autoridades políticas diante da crise vivida.

“Penso que criamos ânsia pelo poder, pela vaidade, e esquecemos de sermos irmãos, amigos e justos uns com os outros. Isso é tão visível que agora mesmo as pessoas sabendo que não devem se agrupar elas fazem isso como se fossem animais descontrolados. É um querendo receitar remédio, é outro combatendo, mas a gente não percebe um sentimento das nossas autoridades em socorrer nossa população. Afinal, todos os mandatos não são dirigidos ao povo? Por que o povo está morrendo dessa forma?”, disparou.

Após a fala de Enivaldo, outros deputados se juntaram a ele na indignação quanto à falta de posicionamento claro de autoridades federais sobre medidas claras de contenção da doença e também sobre a falta de consciência da própria população, que mesmo diante de números tão alarmantes segue tomando poucas medidas de isolamento, em comparação a outros países.

Sérgio Majeski, que chegou a perder uma cunhada para a doença no início do mês, relatou a grande quantidade de pessoas frequentando as praias da região metropolitana de Vitória. Tanto na capital quanto no município de Vila Velha, onde mais se tem casos da doença fora das capitais no Brasil, é visível a falta de preocupação das pessoas que circulam sem máscaras e próximas umas das outras nos calçadões.

“Será preciso que essas pessoas percam entes próximos para que se conscientizem da importância de se fazer o isolamento e se precaver? É de uma falta de empatia sem tamanho o que eu vi neste fim de semana quando precisei passar de carro em uma parte da orla de Camburi”, disse o deputado.

Além de Majeski, Iriny Lopes, Vandinho Leite e o próprio presidente da casa, deputado Erick Musso, se solidarizaram com a fala feita por Enivaldo dos Anjos.

ISOLAMENTO E DEVERES DO ESTADO

Ainda na mesma sessão, durante a fase das lideranças, Enivaldo voltou a falar para os espectadores sobre a situação vivida no Espírito Santo. De acordo com o deputado, tem sido recorrente as suas tentativas de esclarecer a amigos, eleitores e seguidores de redes sociais sobre a importância de seguirem as orientações de isolamento, inclusive em sua própria cidade: Barra de São Francisco.

“Fico preocupado pelo fato das pessoas não estarem entendendo isso e estarem indo para a rua como se nada estivesse acontecendo. Na minha cidade as pessoas estão indo para a rua, a gente grava áudio e nada. As pessoas acham mais fácil dizer que a Cloroquina faz bem porque o Bolsonaro tá certo e os governadores estão errados, mesmo a OMS dizendo para não se fazerem mais nem pesquisas porque é comprovado que o negócio faz mais mal do que bem”, disse.

Para Enivaldo, uma saída seria investir na divulgação em massa e pelo uso dos canais da Assembleia. Mais propaganda para esclarecer às pessoas que o isolamento é necessário e que somente através dele é possível se imunizar.

“Quero acreditar que devíamos estar fazendo uma campanha via Ales. Acho que isso falta. Uma campanha de conscientização para que as pessoas entendam que não tem remédio contra isso. O Estado brasileiro não pode fazer muito por nós neste momento. O que resta de orientação é massificar a ideia de que só a própria pessoa pode se curar”, concluiu o deputado.