Enivaldo rebate colunista de A Gazeta e manda recado para grandes empresas: “estão todos sob vigilância”

Em um discurso arrebatador dentro do plenário da Assembleia, Enivaldo dos Anjos rechaçou as críticas feitas ao parlamento capixaba na coluna de Economia do jornal A Gazeta, escrita pela jornalista Beatriz Seixas. Em sua coluna, a jornalista afirma que empresários estariam receosos de investir no Estado diante do “discurso radical” de alguns deputados, entre eles Enivaldo.

Para o parlamentar a crítica não caiu muito bem e, como é do seu próprio costume, reagiu à altura dizendo estar ali justamente para fiscalizar empresas prestadoras de serviço no Estado. Com frases como “todos estão sob vigilância” e “daqui a pouco somos nós que vamos bater na cara desse monte de bandidos”, Enivaldo mandou um recado firme para a imprensa e, sobretudo, para empresários que insistem em descumprir contratos e sonegar tributos no Estado.

“A Gazeta vai querer controlar o que se diz na Assembleia agora? Vai querer dizer aqui o que eu devo falar ou não? Por que essa jornalista não me entrevista? Para eu responder para ela o que eu penso, o que acho e onde tá a safadeza no Espírito Santo?! Eu vou dizer o que a Findes faz de lobby aqui no Espírito Santo para beneficiar esta e aquela empresa”, disparou o deputado que não mediu palavras ao falar de questões pouco abordadas no meio político.

Ainda em referência ao jornal A Gazeta, Enivaldo criticou a postura da imprensa em casos onde deputados se empoderam das prerrogativas de fiscalização do Legislativo. De acordo com ele, basta que algum parlamentar “aperte” uma empresa em seu discurso que imediatamente são publicadas matérias na tentativa de desmoralizar a Casa. Nós sabemos – eu sei – de tudo que acontece no Espírito Santo. “Desde a década de 1940 eu sei o que aconteceu no Estado; desde que a terra era devoluta e algumas pessoas espertas daqui, estando no poder, passaram todas as terras para o próprio nome”, argumentou o deputado que, neste momento, já tinha a atenção de todo o plenário.

E continuou: “Então, não faz coluna com meu nome tentando me ameaçar porque eu não ligo para nada! Largo a liderança do Governo se for preciso, largo a relação com quem quer que seja, mas vocês não me desmoralizam para proteger Findes, Eco 101, Renova… Por que estão preocupados agora? É por que estamos apertando o pessoal da Renova? Por que vocês (imprensa) não estão do nosso lado?! Porque essa Renova nada mais é que um grupo de ladrões montado pela Vale para não pagar o prejuízo que deu ao Espírito Santo e às pessoas atingidas pela lama de Mariana”.

Durante todo o tempo em que esteve discursando, Enivaldo dos Anjos manteve sua postura crítica voltada aos benefícios dados a empresas no Estado e à seletividade do discurso imposto pela colunista.

Focado na relação próxima entre empresas e poder público, o deputado destilou sua reprovação até mesmo para o colega deputado e presidente da Assembleia, Erick Musso (PRB).

“Tem muita empresa safada, como é a ‘Eco 171’ (sic.), que tem um diretor de comunicação conhecido, chamado Sebastião Barbosa – e que não larga o gabinete do presidente da Assembleia pedindo socorro (Porque o presidente recebe esse povo para fazer média)… Agora, se não podemos falar da Escelsa que rouba a população; se não podemos falar dessa falta de investimento na segurança para salvar a população, do que vai valer o mandato de deputado?!”, disse.

Já na conclusão de seu discurso, Enivaldo manteve a postura firme de fiscalizar o funcionamento das empresas que prestam serviço no Espírito Santo e convocou os colegas a não se deixarem desanimar por uma possível perseguição vinda de meios de comunicação e empresas descontentes com o trabalho do Legislativo.

“É besteira tentar achar que vai calar minha voz dizendo que estamos aqui defendendo interesses de grupos para poder nos ameaçar. Aqui tem muita gente que tem café no bule! E aqui, prestador de serviço, preste bem atenção! Escelsa, Vale, todos esses órgãos aí estão sob vigilância. Não adianta fazer pressão porque todos estão sob vigilância porque vocês estão matando sonhos, matando pessoas e estão roubando dinheiro público e, inclusive dinheiro que foi colocado pela justiça para pagar as pessoas prejudicadas e vocês não estão com dó de ninguém. Não precisa preocupar em ficar fazendo ilações de que isso e aquilo vai acontecer porque, por enquanto, estamos apenas falando em pagar para bater. Daqui a pouco somos nós que vamos bater na cara desse monte de bandido”, concluiu o deputado.

Enivaldo dos Anjos é presidente da CPI da Sonegação de Tributos que atualmente investiga as movimentações financeiras da Fundação Renova, instituição criada pela Vale e Samarco para assumir os compromissos envolvendo a reparação de danos referentes ao crime ambiental ocorrido na barragem de Fundão, em Mariana (MG), ainda em 2015. Na ocasião várias pessoas morreram soterradas pela lama tóxica que tomou o Rio Doce até a sua foz, em Regência, município de Linhares (ES). Até o momento, inúmeras famílias não foram reparadas pela Fundação que é acusada por atingidos de dificultar o acesso às indenizações e pouco fazer para a reparação ambiental dos 853 quilômetrose rio.

Até o momento, inúmeras famílias não foram reparadas pela Fundação que é acusada por atingidos de dificultar o acesso às indenizações e pouco fazer para a reparação ambiental dos 853 quilômetros de rio.