Quase 30% do mercado de cigarros do Espírito Santo é dominado por contrabando

As marcas paraguaias contrabandeadas de cigarros são responsáveis por 28% das vendas do produto no Espírito Santo, volume que vem crescendo exponencialmente enquanto o mercado formal sofre retração de igual proporção. Isso significa que parte do mercado não é regulado, não gera empregos, não paga impostos e ainda é responsável pelo financiamento do crime organizado e do tráfico de drogas e armas.

A informação é de uma pesquisa de mercado encomendada pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO), em parceria com o Fórum Nacional Contra à Pirataria e Ilegalidade (FNCP). Ainda segundo a pesquisa, os prejuízos do contrabando de cigarros para o Estado somaram R$ 83,3 milhões de evasão fiscal em 2016.

De acordo com outro levantamento, feito pelo Instituto Datafolha e encomendado pelo Movimento em Defesa do Mercado Legal Brasileiro – coalizão que reúne mais de 70 entidades representativas de setores afetados pela ilegalidade no Brasil -, para 85% dos moradores da Região Sudeste, as autoridades brasileiras não atuam de forma efetiva na fiscalização das fronteiras. Além disso, 88% acreditam que o governo paraguaio também é incompetente nessa vigilância.

Entre os entrevistados da região que acreditam que os paraguaios não adotam medidas para conter o problema, 78% avaliam que isso acontece porque políticos e autoridades lucram com esse tipo de negócio.

O presidente do Paraguai, Horácio Cartes, é dono da maior fabricante de cigarros do país, a Tabacalera del Este, que produz o cigarro Eight e que figura entre as marcas mais vendidas no país. Mais de 47% dos entrevistados do Sudeste conhecem a marca e o percentual sobe para 48% entre os brasileiros de 16 a 24 anos.

A pesquisa, que ouviu cerca de 2 mil pessoas em 130 municípios de pequeno, médio e grande porte de todas as regiões do Brasil, também apontou que 82% dos moradores do Sudeste veem ligação entre contrabando de cigarros e o crime organizado e aumento da violência no Brasil.

Os esforços do governo brasileiro para coibir a entrada de cigarros paraguaios no Brasil são reprovados, e o apoio a sanções contra o Paraguai recebem apoio da metade dos entrevistados na região.

O aumento do contrabando tem acontecido por uma combinação de fatores: aumento de impostos, crise econômica e fragilidade das fronteiras. Atacar o contrabando é uma medida extremamente efetiva para a recuperação econômica e colabora duramente para o fim do tráfico e do crime nas cidades.

“É imperioso aumentar a vigilância nas fronteiras, por parte dos governos de ambos os países, e no caso paraguaio os brasileiros também veem omissão motivada pelo fato de autoridades e políticos do país vizinho serem beneficiários do contrabando de cigarros para o Brasil”, afirma Edson Vismona, presidente do ETCO e coordenador do Movimento.

O executivo explica que o comércio de cigarros contrabandeados no Brasil é dominado por organizações criminosas. Vismona também lembra que, apesar de importantes, políticas de restrição ao cigarro devem ser equilibradas, sob risco de estimular ainda mais o contrabando do produto.

“O excesso de impostos para o setor é um dos fatores decisivos no crescimento do contrabando de cigarros no país, já que as marcas paraguaias chegam a custar menos da metade do preço mínimo estabelecido por lei no Brasil” lembra o presidente da entidade.

Fonte: folhavitoria